Algumas pessoas perguntam o que é Yoga Verde. Também questionei esse nome algumas vezes, pois sei que a filosofia do Yoga já é verde por essência. Entretanto, como somos muito influenciados pelo mundo atual, do consumo, diria da individualidade coletiva, foi preciso resgatar esta consciência de que todas as coisas estão interrelacionadas e são interdependentes, como Georg e Brenda Feuerstein nos dizem no livro Yoga Verde. Este é um conceito fundamental da tradição yogue. "O Yoga é essencialmente um ensinamento de liberação, o que significa que ele visa libertar a pessoa da ilusão de ser uma entidade independente e encapsulada, separada de todas as outras".
O Yoga Verde vem defender o ativismo espiritual que é transmitido no Bhagavad-Gita, "ele não nos diz respeito apenas à salvação pessoal mas também ao bem-estar de todas as espécies da Terra como um todo", nos diz Feuerstein. O respeito a todas as formas de vida é uma atitude fundamental do Yoga.
Se refletirmos um pouco, perceberemos que a consciência desta interrelação é facilmente esquecida, diria dissolvida, quando pensamos apenas no nível material da existência. "Temos a tendência de encarar os animais (e frequentemente até outros seres humanos) como objetos exploráveis e a natureza como um recurso inexaurível concebido para ser usado livremente por nós", nesta colocação Feuerstein sugere que é precisamente essa atitude amplamente responsável pela atual crise ambiental.
O primeiro passo para o Yoga Verde é ter reverência pela vida. É ter consciência de que em todas as suas formas ela é sagrada. Então ao atuar no mundo haverá o cuidado, a atenção, a reverência pela existência do Todo.
A partir da perspectiva do Yoga, nos diz Feuerstein, é por meio da busca da libertação que podemos descobrir diretamente o Fio da Vida transcedental, o "Si mesmo que se estende como um fio" - que é a nossa verdadeira natureza, que nos liberta da forte ilusão de que somos uma ilha isolada, separada de tudo e de todos. "Essa é a essência da consciência cósmica, ou na terminologia de Patanjali, samprajnata-samadhi, a identificação extática com um determinado objeto, desde um mero átomo ao universo como um todo".
Seria muito fácil se todos tivessem a consciência de que, na realidade, somos todas as coisas. Então, que a vivência e o estudo do Yoga nos possibilite a transformação de nós mesmos e do mundo a nossa volta, e que esses nossas ações sejam impulsionadas por intenções verdadeiras, na consciência do Ser. Como diz o budsimo: "se a intenção é boa, os níveis e caminhos são bons".
Hari Om!
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